Em antecipação do fim do controlo da imigração em relação à Roménia e à Bulgária, em janeiro de 2014, alguns ministros britânicos estão a pensar lançar uma campanha para impedir que se repita a "vaga" de imigração de 2004, quando oito antigos países comunistas adquiriam direitos de liberdade de circulação de trabalhadores na UE.
Mas a crise da zona euro torna essa hipótese menos provável.
Em janeiro próximo, sete anos depois de a Roménia e a Bulgária se tornarem membros da União Europeia, os últimos mecanismos transitórios de controlo da imigração relativos a estes dois países irão ser suprimidos. No Reino Unido, estão já a ser estabelecidos paralelos com a "vaga" de imigração de 2004, quando a Polónia e outros dos chamados países A8 [República Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Eslováquia e Eslovénia, que aderiam à UE em 2004] adquiram o direito de viajar e trabalhar em toda a UE [entre 2004 e 2011, o Reino Unido adotou medidas que limitam o número de trabalhadores que podem trabalhar no país, depois da adesão dos seus países à UE].
No entanto, os principais fatores "indutores" de imigração, entre os quais se incluem oportunidades de emprego, rendimento nacional bruto (RNB) per capita relativo e proporcionalidade de oportunidades em toda a UE, indicam que o fluxo de imigração com origem na Roménia e na Bulgária será não apenas significativamente inferior aos níveis de 2004, mas também mais repartido entre os Estados-Membros da UE.
Um estudo recentemente divulgado pelo Observatório das Migrações da Universidade de Oxford reconhece o impacto a longo prazo da imigração [oriunda dos] A8 sobre o Reino Unido, mas insere o efeito tsunami num contexto mais vasto.
Algumas estimativas de 2004 previam a deslocação de 15 mil pessoas por ano dos novos Estados-membros da UE para o Reino Unido, enquanto, no período 2004-2010, o fluxo médio anual de Migração Internacional de Longo Prazo de cidadãos da UE aumentava para cerca de 170 mil, em comparação com os 67 mil ao longo dos seis anos anteriores.
Uma marca profunda na paisagem política
Em termos de percentagem de cidadãos da UE, os imigrantes A8 representavam perto de 50% desse movimento, o que significa que os europeus de Leste constituíam apenas um terço do fluxo total de migrantes para o Reino Unido. Contudo, o facto de não se ter previsto o impacto da suspensão dessas restrições deixou uma marca profunda na paisagem política do Reino Unido.
Agora, o Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) apresenta, na sua página Web, um relógio de contagem regressiva, enquanto o jornal The Daily Telegraph alerta que "vinte e nove milhões de búlgaros e romenos passarão a ter o direito de viver e trabalhar sem restrições no Reino Unido".
Um estudo do instituto Open Society, de Sófia, indica, na verdade, que o fluxo de imigrantes búlgaros será "muito menos significativo em termos de volume e menos suscetível de…causar desequilíbrios do mercado de trabalho" do que o acesso dos A8.
Um dos principais motores da imigração económica reside na grande diferença das taxas de desemprego. Em 2004, o desemprego na Polónia situava-se nos 18,9%, em comparação com os 4,6% do Reino Unido. Apesar de a Bulgária continuar a ser um país pobre, a sua taxa de desemprego caiu para os 12,4%, em comparação com os 7,8% do Reino Unido. A tendência para o aumento do desemprego no Reino Unido, põe em causa o poder de atração do país como destino de migração económica. Isto é ainda mais verdadeiro no caso da Roménia, onde o desemprego, de 6,7%, é inferior ao do Reino Unido.
Destino menos atraente
Como sublinhou recentemente no jornal The Guardian o presidente do Centro de Estratégias Liberais de Sófia, Ivan Krastev, se o desemprego fosse o único fator impulsionador, a Espanha e a Grécia seriam maiores candidatas à emigração. Uma vez que a população jovem, em geral o grupo etário com maior mobilidade, está em regressão na Roménia, a reserva de potenciais emigrantes também está a regredir e dispersar-se-á mais desigualmente, na procura de oportunidades.
A disparidade de rendimentos, em termos de RNB per capita, e o corolário dessa disparidade que é o desejo de obter melhores condições de vida indicam que o Reino Unido é um país atrativo para se trabalhar, mas cada vez menos do que em 2004. O RNB da Roménia e da Bulgária situam-se, respetivamente, em cerca de metade e de um terço do RNB do Reino Unido: significativamente menos que a percentagem da Polónia (um quinto), na altura do surto de imigração de 2004.
Proliferação de escolhsa
A proliferação de mercados de trabalho na UE, gerada pela suspensão recíproca de restrições de vistos na Áustria, Bélgica, Alemanha, Irlanda, Luxemburgo, Malta, Holanda e França, bem como no Reino Unido, levará à multiplicação das opções que se colocam aos migrantes económicos.
Delinear as principais tendências das migrações não é uma ciência precisa, e haverá sem dúvida aumentos dos fluxos de migração. Mas o impulso no sentido de prever ao minuto os números da imigração parece suscitar inevitavelmente um discurso alarmista sobre lutas pelo emprego, pela habitação e pelos recursos destinados à segurança social, para já não falar do facto de induzir a que se ponham em causa as motivações daqueles que emigram.
Estas histórias em pouco ajudarão os decisores políticos a fazer face aos problemas económicos e sociais endémicos resultantes da existência de um mercado comum, e também dificultarão a construção de relações positivas com a nova Europa de Leste.
Em janeiro próximo, sete anos depois de a Roménia e a Bulgária se tornarem membros da União Europeia, os últimos mecanismos transitórios de controlo da imigração relativos a estes dois países irão ser suprimidos. No Reino Unido, estão já a ser estabelecidos paralelos com a "vaga" de imigração de 2004, quando a Polónia e outros dos chamados países A8 [República Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Eslováquia e Eslovénia, que aderiam à UE em 2004] adquiram o direito de viajar e trabalhar em toda a UE [entre 2004 e 2011, o Reino Unido adotou medidas que limitam o número de trabalhadores que podem trabalhar no país, depois da adesão dos seus países à UE].
No entanto, os principais fatores "indutores" de imigração, entre os quais se incluem oportunidades de emprego, rendimento nacional bruto (RNB) per capita relativo e proporcionalidade de oportunidades em toda a UE, indicam que o fluxo de imigração com origem na Roménia e na Bulgária será não apenas significativamente inferior aos níveis de 2004, mas também mais repartido entre os Estados-Membros da UE.
Um estudo recentemente divulgado pelo Observatório das Migrações da Universidade de Oxford reconhece o impacto a longo prazo da imigração [oriunda dos] A8 sobre o Reino Unido, mas insere o efeito tsunami num contexto mais vasto.
Algumas estimativas de 2004 previam a deslocação de 15 mil pessoas por ano dos novos Estados-membros da UE para o Reino Unido, enquanto, no período 2004-2010, o fluxo médio anual de Migração Internacional de Longo Prazo de cidadãos da UE aumentava para cerca de 170 mil, em comparação com os 67 mil ao longo dos seis anos anteriores.
Uma marca profunda na paisagem política
Em termos de percentagem de cidadãos da UE, os imigrantes A8 representavam perto de 50% desse movimento, o que significa que os europeus de Leste constituíam apenas um terço do fluxo total de migrantes para o Reino Unido. Contudo, o facto de não se ter previsto o impacto da suspensão dessas restrições deixou uma marca profunda na paisagem política do Reino Unido.
Agora, o Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) apresenta, na sua página Web, um relógio de contagem regressiva, enquanto o jornal The Daily Telegraph alerta que "vinte e nove milhões de búlgaros e romenos passarão a ter o direito de viver e trabalhar sem restrições no Reino Unido".
Um estudo do instituto Open Society, de Sófia, indica, na verdade, que o fluxo de imigrantes búlgaros será "muito menos significativo em termos de volume e menos suscetível de…causar desequilíbrios do mercado de trabalho" do que o acesso dos A8.
Um dos principais motores da imigração económica reside na grande diferença das taxas de desemprego. Em 2004, o desemprego na Polónia situava-se nos 18,9%, em comparação com os 4,6% do Reino Unido. Apesar de a Bulgária continuar a ser um país pobre, a sua taxa de desemprego caiu para os 12,4%, em comparação com os 7,8% do Reino Unido. A tendência para o aumento do desemprego no Reino Unido, põe em causa o poder de atração do país como destino de migração económica. Isto é ainda mais verdadeiro no caso da Roménia, onde o desemprego, de 6,7%, é inferior ao do Reino Unido.
Destino menos atraente
Como sublinhou recentemente no jornal The Guardian o presidente do Centro de Estratégias Liberais de Sófia, Ivan Krastev, se o desemprego fosse o único fator impulsionador, a Espanha e a Grécia seriam maiores candidatas à emigração. Uma vez que a população jovem, em geral o grupo etário com maior mobilidade, está em regressão na Roménia, a reserva de potenciais emigrantes também está a regredir e dispersar-se-á mais desigualmente, na procura de oportunidades.
A disparidade de rendimentos, em termos de RNB per capita, e o corolário dessa disparidade que é o desejo de obter melhores condições de vida indicam que o Reino Unido é um país atrativo para se trabalhar, mas cada vez menos do que em 2004. O RNB da Roménia e da Bulgária situam-se, respetivamente, em cerca de metade e de um terço do RNB do Reino Unido: significativamente menos que a percentagem da Polónia (um quinto), na altura do surto de imigração de 2004.
Proliferação de escolhsa
A proliferação de mercados de trabalho na UE, gerada pela suspensão recíproca de restrições de vistos na Áustria, Bélgica, Alemanha, Irlanda, Luxemburgo, Malta, Holanda e França, bem como no Reino Unido, levará à multiplicação das opções que se colocam aos migrantes económicos.
Delinear as principais tendências das migrações não é uma ciência precisa, e haverá sem dúvida aumentos dos fluxos de migração. Mas o impulso no sentido de prever ao minuto os números da imigração parece suscitar inevitavelmente um discurso alarmista sobre lutas pelo emprego, pela habitação e pelos recursos destinados à segurança social, para já não falar do facto de induzir a que se ponham em causa as motivações daqueles que emigram.
Estas histórias em pouco ajudarão os decisores políticos a fazer face aos problemas económicos e sociais endémicos resultantes da existência de um mercado comum, e também dificultarão a construção de relações positivas com a nova Europa de Leste.