quarta-feira, 10 de novembro de 2010

'Tento explicar que tenho filhos, mas entrevistadores não me dão atenção'

Pela primeira vez após onze anos", escreve uma leitora, "estou procurando emprego e venho fazendo entrevistas, até agora sem sucesso. Tenho escolaridade e experiência para competir pelas vagas a que me candidato, mas tenho também uma situação pessoal que tento explicar aos entrevistadores. Sou mãe de dois filhos pequenos e preciso dar atenção a eles. Mas percebo que os entrevistadores não estão interessados em me ouvir. Já fui cortada várias vezes antes de terminar minhas explicações. É isso mesmo? O mercado de trabalho se tornou insensível?"

Bom, pelo contrário, eu acredito que o mercado tenha se tornado mais sensível nas últimas duas décadas. Mas vamos tentar entender as diferenças entre sensibilidade e praticidade.

Uma empresa abre uma vaga. E sai procurando candidatos adequados a ela. Nas entrevistas, cada candidato passa por uma bateria de perguntas de interesse da empresa, até o entrevistador se sentir satisfeito e poder decidir quem será o o escolhido. Do outro lado da mesa estão os candidatos, e cada um deles tem algum tipo de situação peculiar. Ou familiar, no caso da nossa ouvinte, ou de tempo para estudar, como é o caso de muitos jovens.

A nossa ouvinte pode, e deve, perguntar ao entrevistador qual é o procedimento da empresa em relação a horas extras, ou a saídas ocasionais durante o expediente, ou a ligações particulares no trabalho. Nenhum entrevistador que conheço se recusaria a responder qual é a política da empresa. A partir das respostas que ouviu, o candidato pode decidir se aquela empresa é adequada ao que ele procura.

A coisa muda de figura quando um candidato começa a relatar uma situação pessoal, esperando que a empresa considere mudar seus procedimentos, para acomodar um caso individual. Empresas médias e grandes não fazem isso, porque a única maneira de manter um ambiente estabilizado é deixando claro o que pode e o que não pode. Por exemplo, uma empresa pode ter uma norma de horário flexível para todos os funcionários. Mas, se não tem, não irá criar uma norma para um só.

A minha sugestão é que a ouvinte direcione a sua busca para empresas menores. E principalmente as familiares. Elas tendem a ser mais receptivas a questões pessoais, porque têm menos empregados e porque o dono pode mudar as regras sem precisar consultar ninguém.

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