terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Debate sobre identidade nacional oculta ódio a imigrante na Europa



Crise econômica acirra aversão a estrangeiros e alimenta nacionalimo de extrema direita

Em meio à pior recessão dos últimos 70 anos e o constante debate sobre a imigração, a Europa busca uma identidade comum para todo o continente. O tema tem motivado polêmica em países como França, Suíça e Áustria. Defensores de direitos humanos acusam partidos de direita de usar a discussão para criar medo e ganhar votos.

Nos últimos meses, o número de propostas para defender identidades nacionais na Europa explodiu em vários países. Na Itália, restaurantes de comidas étnicas passaram a ser limitados, por iniciativa da Liga Norte, que integra a coalizão do premiê Silvio Berlusconi.

Na França, parlamentares propuseram a proibição de bandeiras de países estrangeiros em atos oficiais - além da meta francesa de banir burcas e véus islâmicos. O presidente Nicolas Sarkozy, neto de estrangeiros, abriu um debate nacional sobre o significado de ser francês. As estatísticas no país são claras: 25% da população têm avós vindos das ex-colônias do norte da África.

A maioria desses imigrantes vive nas periferias das grandes cidades e eles são os primeiros a serem afetados pelo desemprego e corte de gastos sociais, o que leva muitos deles a integrar movimentos radicais.
  • Ataques
A líder dos socialistas, Martine Aubry, acusou o governo de estar promovendo uma divisão perigosa na sociedade. "O que o governo quer é que ou você ame a França ou a abandone. Mas a França que amamos é a França que dizemos: se você ama a França, ajude a construí-la conosco", afirmou Martine.

Para o Centro Nacional Francês para a Pesquisa Científica, a Europa está em uma encruzilhada. Oficialmente, a União Europeia é o maior símbolo da diversidade, com 23 línguas oficiais e medidas de defesa da diversidade. Mas nem o modelo britânico de multiculturalismo nem o modelo francês de promover uma assimilação secular deram o resultado esperado.

Em algumas prisões da Europa, como em Genebra, quase metade dos detentos é muçulmana. Mais de 70% são estrangeiros. Em todo o continente, dados oficiais apontam que os muçulmanos chegariam a 15 milhões. Sem um projeto de integração e o aumento da tensão, quem ganha espaço são os partidos de direita que prometem soluções radicais.

Nos primeiros meses da crise econômica, a Itália sugeriu fechar as fronteiras aos imigrantes. Nas eleições para o Parlamento Europeu, em junho, a vitória foi dos partidos de extrema direita e de propostas anti-imigração. Na Suíça, a decisão da população foi a de aprovar em plebiscito a proibição a construção de novos minaretes no país.

Um estudo realizado pelo Open Society Institute, publicado há poucas semanas, mostrou que o desemprego entre os muçulmanos é três vezes maior do que a média da população europeia.
  • CRIMINALIZAÇÃO
No entanto, a crise de identidade não se limita ao Islã. Com a abertura das fronteiras para o leste, a presença de romenos nas ruas das grandes cidades passou a ser uma realidade.

Em Genebra, flanelinhas já pedem dinheiro nos semáforos, para o assombro da população. A solução encontrada pelos suíços foi rápida: criminalizar quem mendigar, com pena de prisão.

Na Alemanha, a proposta é de se criar um "contrato de integração" para cada cidadão estrangeiro que queira entrar no país. O visto seria dado mediante um compromisso de que irão aprender a língua nacional, adotar costumes locais e não questionar as instituições.

Na Grã-Bretanha, o governo já adotou o teste de cidadania e a tensão entre britânicos e estrangeiros explodiu diante da recessão. Trabalhadores de usinas entraram em greve diante da contratação de italianos, questionando a livre circulação de europeus pelo continente - um dos pilares da UE.

Na Espanha, a crise afetou, acima de tudo, os imigrantes vindos da América Latina e da Romênia. Os espanhóis, que por anos já se recusavam a trabalhar nas colheitas, voltaram aos campos diante do desemprego que atinge 4 milhões de pessoas, 18% da população. A consequência direta foi a expulsão do país dos imigrantes que trabalhavam no setor.
  • XENOFOBIA EM ALTA
França - Tenta consolidar a política de proibição de símbolos religiosos em escolas públicas. Estuda proibir bandeiras estrangeiras em eventos oficiais

Itália - Na vanguarda das medidas anti-imigrantes, estuda a proibição de restaurantes de comidas típicas estrangeiras. Promove patrulhas de cidadãos para reprimir estrangeiros

Espanha - Crise econômica global acirrou rixas entre nacionais e estrangeiros pelo mercado de trabalho

Alemanha - Quer exigir que imigrante aprenda alemão e se comprometa a não questionar instituições

Grã-Bretanha - Submete estrangeiros a testes de cidadania

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