sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Alta do real força aumento de jornada de trabalho de imigrantes



Horas a mais compensam cotação para quem envia dinheiro para o Brasil.

A valorização do real nos últimos anos foi sentida diretamente no bolso e no suor de muitos brasileiros que moram fora do país e que se mantêm atentos ao câmbio e suas oscilações.

Para garantir o envio de remessas, muitos brasileiros tiveram que aumentar a jornada de trabalho para compensar a valorização do real frente a moedas como a libra, o euro e o dólar.

O real quase dobrou de valor em relação ao dólar nos últimos cinco anos, com alta de 99,5% entre 2003 e 2007. Dados da consultoria Economática indicam que, nesse período, o dólar vendido no Brasil passou de R$ 3,53, em 2002, para R$ 1,77 no último dia do ano passado. Continua abaixo de R$ 2 desde então.

"A situação está muito complicada, principalmente para quem sustenta família no Brasil e precisa se sustentar no exterior, o que não é fácil. Temos uma cliente que manda dinheiro para a mãe e para os dois filhos em Minas. Não só está trabalhando mais como trocou um quarto que alugava sozinha por uma vaga em um quarto com outras três brasileiras", disse à BBC Brasil a gerente de uma agência de envio de remessas em Londres.

Jornada de trabalho

Para o chef de cozinha Alex Occhi, que chegou a Londres em 2004, a mudança foi significativa: ele passou a trabalhar cerca de 20 horas a mais por semana em 2007 para compensar a cotação.

Em 2006, ainda entusiasmado com o dinheiro que conseguia economizar trabalhando na cozinha de um grande centro de entretenimento, Alex decidiu comprar seu primeiro apartamento em São Caetano, no Estado de São Paulo.

No entanto, com a alta da moeda brasileira em 2007, Alex teve de aumentar o volume de trabalho para conseguir ganhar, em libras, o correspondente aos R$ 4 mil mensais da parcela do imóvel.

"Em 2007, cheguei a trabalhar de 80 a 85 horas por semana para conseguir enviar o dinheiro e ainda viver aqui. E neste ano não melhorou muito", disse Occhi à BBC Brasil.

Alex afirma que, apesar do crescimento econômico no Brasil, a situação fora do país ainda é melhor.

"A cotação está muito baixa e tem que melhorar, mas aqui as coisas ainda estão mais fáceis do que no Brasil. Vou ficar fora pelo menos mais um ano até terminar de pagar o apartamento", afirmou.

Remessas

Em Londres, onde estimativas indicam que há cerca de 160 mil brasileiros, a alta do real observada no ano passado se refletiu em uma diminuição no número de remessas enviadas pelos imigrantes.

Segundo algumas das principais agências de envio de dinheiro da capital inglesa, o número de remessas feitas por brasileiros durante 2007 diminuiu em relação a 2006. O gerente de uma destas agências disse à BBC Brasil que a queda foi de cerca de 15% e que não há sinais de aumento nos primeiros meses de 2008.

Carlos Mellinger, presidente da Associação Brasileira no Reino Unido (Abras), afirmou que entre os brasileiros que procuram a instituição muitos comentaram que tiveram que trabalhar mais para compensar a defasagem.

"Com a alta do real, os brasileiros estão trabalhando mais para conseguir juntar mesmo dinheiro que estavam acostumados a enviar para casa", afirmou Mellinger à BBC Brasil.

Ele afirmou ainda que, apesar da alta do real, a situação dos imigrantes brasileiros na Inglaterra ainda é muito diferente daqueles que residem nos Estados Unidos.

"Além do câmbio, nos Estados Unidos, houve uma recessão e, naturalmente, esse processo afastou os brasileiros. Já aqui no Reino Unido, a economia continua forte, os brasileiros continuam conseguindo emprego e por isso são menos afetados", disse.

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